ARTIGO 2: O impacto da IA na indústria farmacêutica

Este artigo faz parte de uma série de três artigos sobre IA na descoberta de fármacos. Podes explorar a série completa aqui.

As grandes empresas farmacêuticas estão a incorporar a IA na descoberta de fármacos

Abaixo, encontram-se alguns exemplos de como algumas das maiores empresas farmacêuticas tradicionais estão a integrar cada vez mais a IA nos seus processos de descoberta de fármacos. Nesta secção, surge novamente uma grande empresa tecnológica (Amazon) envolvida no desenvolvimento de medicamentos:

• GSK: A GSK estabeleceu uma parceria de 300 milhões de dólares com a Relation Therapeutics, uma empresa de biotecnologia sediada em Londres, para desenvolver tratamentos para a osteoartrite e doenças fibróticas, utilizando machine learning para analisar dados de tecidos humanos.
• AstraZeneca, Merck, Pfizer, Teva Pharmaceuticals, Amazon Web Services e outras: Estas empresas criaram a joint venture AION Labs. A AION Labs estabeleceu diversas subsidiárias que se focam em vários aspetos relacionados com a adoção da IA e do machine learning nos processos de descoberta e desenvolvimento farmacêutico.
• Takeda, Sanofi e o MIT Jameel Clinic: O MIT Jameel Clinic é um centro de investigação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), especializado em IA e ciências da saúde. Em parceria com a Takeda e a Sanofi, o MIT Jameel Clinic está a avançar na investigação em IA aplicada à saúde, com foco no desenvolvimento de novas aplicações de IA para a descoberta de fármacos.
• CSL: A maior empresa de saúde da Austrália, a CSL, está a utilizar a IA para acelerar o desenvolvimento de fármacos e criar tratamentos mais personalizados para diversas doenças graves.

Estas colaborações e iniciativas demonstram o compromisso das empresas farmacêuticas tradicionais em tirar partido das tecnologias de IA, com o objetivo de otimizar a descoberta de fármacos, reduzir os prazos de desenvolvimento e melhorar os resultados terapêuticos.

A mudar o panorama: o crescimento acelerado das empresas farmacêuticas graças à descoberta de fármacos com IA

Tal como acontece com qualquer inovação tecnológica, algumas empresas são mais rápidas do que outras na adoção e aproveitamento das novas tecnologias. A descoberta de fármacos baseada em IA está a ser promovida ativamente por várias empresas farmacêuticas e biotecnológicas, cada uma implementando tecnologias de IA de formas inovadoras. Entre elas, destacam-se as seguintes empresas que aplicam a IA nos seus processos de descoberta de fármacos:

• Insilico Medicine – A Insilico Medicine integra algoritmos de deep learning em vários aspetos da descoberta de fármacos, desde a identificação de alvos até ao design de novas moléculas. A plataforma Pharma.AI da empresa utiliza IA para identificar novos alvos terapêuticos, desenvolver biomarcadores e conceber fármacos de pequenas moléculas. Um dos seus maiores sucessos foi o design de um fármaco para a fibrose que entrou em ensaios clínicos em apenas 20 meses, um processo que, com métodos tradicionais, levaria muito mais tempo.
• Exscientia – A Exscientia é uma empresa líder na concepção e otimização de fármacos baseada em IA. A empresa utiliza algoritmos de IA para prever e otimizar as propriedades das pequenas moléculas. A sua plataforma de IA analisa grandes conjuntos de dados moleculares para otimizar compostos promissores. Um dos seus maiores sucessos foi o desenvolvimento do DSP-1181, um candidato a fármaco concebido com IA que entrou em ensaios clínicos em apenas 12 meses, em contraste com os 4-5 anos exigidos pelos métodos tradicionais. A Exscientia estabeleceu parcerias com grandes empresas farmacêuticas, como Bristol-Myers Squibb e Sanofi, para desenvolver terapias concebidas com IA em diferentes áreas terapêuticas.
• Atomwise – A Atomwise aplica deep learning à descoberta de fármacos baseada na estrutura. A empresa desenvolveu uma tecnologia baseada em IA para prever como as pequenas moléculas se ligam a alvos proteicos, acelerando significativamente o processo de triagem. A plataforma da Atomwise, impulsionada por IA, tem sido utilizada para identificar candidatos a fármacos para doenças como Ébola, esclerose múltipla e cancro. A empresa desenvolveu um know-how que permite realizar triagens virtuais de milhões de compostos para identificar candidatos potenciais em uma fração do tempo e do custo dos métodos tradicionais.
• AlphaFold da DeepMind – A DeepMind é uma subsidiária da Alphabet, a empresa-mãe da Google. O sistema de IA AlphaFold, desenvolvido pela DeepMind, está a revolucionar a descoberta de fármacos ao prever estruturas proteicas com uma precisão notável. O AlphaFold utiliza IA para prever as formas tridimensionais das proteínas, um aspeto crucial para compreender como estas interagem com outras moléculas. Esta capacidade permite aos cientistas identificar alvos terapêuticos de forma mais eficiente. As previsões do AlphaFold têm sido fundamentais no desenvolvimento de fármacos direcionados a doenças como a COVID-19 e a doença de Alzheimer, revelando aspetos do dobramento de proteínas que anteriormente eram impossíveis de discernir com as técnicas tradicionais.

Estas empresas estão a liderar a revolução da descoberta de fármacos baseada em IA, utilizando tecnologias de ponta para reduzir significativamente os prazos de investigação, aumentar as taxas de sucesso dos ensaios clínicos e diminuir os custos tradicionalmente associados ao desenvolvimento de fármacos.

Continua a ler a série: ➡ O futuro da IA no desenvolvimento de fármacos e a contribuição da CymitQuimica (Artigo 3)